quinta-feira, 20 de junho de 2013

Foto: Daniele Rodrigues/Metropress - Metro 1




C O V A R D I A. 
Me envergonho dos governantes que não escolhi como me orgulho (agora de verdade) de ser  brasileira. Os  eleitores desses que estão aí,  que um dia estiveram na oposição, nunca pensaram que quando fossem "situação" provocariam aquilo que usaram como slogan de campanha. Gabaram-se que na ditadura "foram perseguidos e agredidos covardemente". A história se repete. No entanto de forma muito mais grave agora. Porque apunhalam pessoas e sonhos. 
C O V A R D I A. Jovens, adultos, homens, mulheres, crianças, idosos, adolescentes portando cartazes em mãos e gritos de ordem na garganta recebidos covardemente com bombas de gás lacrimogênio e golpes de cacetete. 
"Jovem é alienado". "Brasileiro é acomodado"...Revejam esses clichês. O "país do futebol" tem seus torcedores cansados e aquele que até a semana passada era o motivo pelo qual era conhecido mundialmente, foi o mesmo que levou milhares de brasileiros - no Brasil e no mundo - em protesto à discrepância entre investimentos para as Copas e para as necessidades básicas de uma nação inteira. E NÃO. NÃO me digam que isso não vai mudar nada. Que "não adianta". Milton Blay - jornalista correspondente da Band News na Europa - relatou que autoridades de países daquele continente se mostraram surpresos porque somente através dessas manifestações POPULARES é que souberam  que o Brasil não tinha tais necessidades atendidas. o "Le Monde" - respeitável jornal francês - publicou em sua capa: "Brasil: Sonho ou pesadelo?". Isso quer dizer alguma coisa...
Eu, jornalista recém-formada, cidadã, "pagante de impostos", mãe e sonhadora me ressenti por não ter sabido antes da manifestação de segunda-feira (17/06) - por motivos pessoais me abstive de internet por alguns dias - para participar como gostaria. 
Enquanto ouvia no rádio colegas de profissão, os comprometidos e sérios como Eugênio Boechat, engrandecer o ato e citar algumas atitudes "vandalistas" durante o processo, que entende, embora não incentive. Assim reiterou que, corriqueiramente a "grande imprensa" voltaria os holofotes para isto, por ser mais "cinematográfico" e, eu pontuo, comercial/vendável. Essa banda podre da mídia que reduz a luta PACÍFICA de uma nação a atos isolados daquilo que se convencionou chamar de "vandalismo". Os "excessos" são apenas respostas. 
Hoje deixei meus motivos pessoais de lado e fui brigar pelo "coletivo". Não aceitei somente "ouvir dizer", MUITO MENOS assistir através de meios de comunicação duvidosos que usam as edições a seu bel prazer. Estive lá e levei minha filha de catorze anos comigo. Ela precisava vivenciar o despertar da massa que todos os dias abdicam de momentos em família para pagar suas contas e impostos absurdos que nunca são revertidos para o que deveriam ser. Lá, o que assistimos foram milhares de pessoas compartilhando pincel, tintas, ruas, ideias, palavras de ordem, esperança e felicidade pelo "acordar do gigante". Isso enquanto éramos somente nós. Enquanto não tínhamos cruzado a linha-limite IMPOSTA pelo "estado de NÃO direito". Enquanto "seu lobo não vinha". Por que ele veio. Não chegou até o grupo onde estávamos porque corremos, tremendo, temerosos da C O V A R D I A instalada. 
Estávamos no Vale dos Barris depois da delegacia, quando o grupo percebeu o alcance das armas em detrimento aos nossos gritos e cartazes, voltamos.Víamos, ouvíamos e corríamos das bombas lançadas. Alguém, sem aparelho de som,  discursou propondo uma reunião na praça da prefeitura, o que era repetido em voz alta por aqueles que estavam mais próximos ao orador, repetido pelo grupo em frente a ele para aqueles que estavam atrás e assim por diante. Dessa forma, a ideia foi ouvida pelas centenas de manifestantes  que estavam naquele perímetro. Arrepiante! Nos dirigimos então para lá. À medida que nos deslocávamos, descobríamos que "o lobo" já se posicionara no Campo Grande, na  Joana Angélica e na Carlos Gomes. Estávamos acuados. Ao redor, cheiro de gás e estrondos. 
Atravessamos parte da Avenida Sete e Carlos Gomes ainda "liberadas", descemos o Largo dos Aflitos observando e sendo observados por alguns lobos de armas em punho. Seguimos para a Av. Contorno e Comércio para irmos para casa. No caminho, vimos um assalto a MAIS um cidadão desprotegido porque a polícia estava ocupada "cuidando da paz nacional".
...
Derrotados? Não. Se pensarmos que cartazes e gritos causaram tamanha reação, é porque estamos fazendo direito.
Sábado (22/06) tem mais!!!! 

2 comentários:

  1. É Gi... Não sabemos se em algum momento teremos manfestações sem interferência da polícia. Na segunda passada(17.06)foi de muita paz, mas não tinha jogo, né? Vamos ver se da próxima vez, a mídia nacional vai mostrar que os soteropolitanos também estão nessa luta...

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  2. Muito bom seu texto Gel! estamos todos cansados de tanta roubalheira e desrespeito, e ultimamente estou a pensar onde vamos parar com tanto absurdo acontecendo? é tanta coisa que não cabe em cartaz.Temos que nos unir e lutar pelo que acreditamos mesmo! Obrigada por este...bjo

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