quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Do "abandono" (do blog ou das memórias)


Relógio - Salvador Dali
Administrar bem é uma arte! Seja uma casa, uma empresa, um trabalho...se for o Sr. Tempo, bingo!  
No século XXI dispomos de tecnologias que muitos sábios e profetas se quer sonharam. Mas que uso temos dado a cada uma delas? Têm nos servido ou nos escravizado?
Muito - senão tudo - do que criamos é pra nos facilitar a vida, pra agilizar as coisas, pra poupar TEMPO! Como temos aproveitado esta "sobra"? O que temos feito com o nosso tempo? Com o tempo que nos resta?
Sistema de conversação on line, telefone, celular, sites de relacionamento, e-mails, etc, tudo isso, a mim, denota  distância. Teoricamente não se telefona ou se envia correspondência eletrônica para alguém ao seu lado. Não há necessidade.
Não sou, absolutamente, contra esses e outros meios de comunicação - sou estudante da área - mas só vejo utilidade se estiverem ao meu favor. A favor da promoção da aproximação. Nem sempre dá pra ser física, é verdade, mas em identificação, sentimento e vontade!
Vivemos numa era de concorrência exacerbada e desleal. Milhares de pessoas marginalizadas, desempregadas ou em busca de uma colocação melhor no mercado. Mercadoria. É como somos tratados e tratamos. Laços afetivos muitas vezes reduzidos a "círculo de relações"; por falta de tempo em seu cuidado ou pela frieza exigida no capitalismo. 
A ânsia pelo possuir nos têm levado a uma rotina sobrecarregada de estudos, cursos, trabalho, horas extras onde nem sempre cabe um telefonema amigo ou conversas jogadas fora. Há quanto tempo não vê seus amigos (mesmo os melhores)? Qual a última vez que sentou pra ver aquele filme numa tarde qualquer em casa? Quando conseguiu ficar em casa "de bobeira"? Molhou - você mesmo - suas plantas? Tomou café na mesa da cozinha? Comeu sem pressa? Fez desenhos pra seu filho adivinhar? Conversou com ele no meio da noite no meio da semana sem se preocupar que horas (já) eram? Já teve a sensação de que suas memórias de infância ou até de um passado recente estão lhe escapando (talvez por isso estejamos tão obcecados com o registro em imagens, talvez por isso tantas máquinas digitais e fotos instantâneas) ?
...
Excesso de informações e de exigências. Algumas vezes para sobreviver, outras pra quê mesmo? 
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"No final vai dar em nada. Nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada do que eu pensava encontrar..."
Gilberto Gil

Um comentário:

  1. Assunto atualíssimo e texto, como sempre, genial. Gosto muito de redações que me façam uma auto-análise, e essa foi perfeita. Muito boa.

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